segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Ingá, Jambo e Abiu... Já ouviu falar?

O primeiro registro de Ingá (Inga edulis Mart), em nossa terra, é de Gabriel Soares de Sousa (1540-1591), em Tratado Descritivo do Brasil:
"Engá é árvore desafeiçoada que se não dá senão em terra boa, de cuja lenha se faz boa decoada (processo onde se ferve água com cinza nas fornalhas para limpar o caldo da cana) para os engenhos. E dá uma fruta da feição das alfarrobas (fruto da alfarrobeira) de Espanha, e tem dentro umas pevides (sementes achatadas) como as das alfarrobas, e não se lhe come senão um doce que tem derredor das pevides, que é muito saboroso".
O fruto fica dentro de uma vagem grande, com sementes pretas e brilhantes, envolvidas por uma polpa branca (parecendo algodão), macia e adocicada. Essa polpa é consumida só ao natural. A árvore é originária da Região Norte, onde as vagens são ainda maiores que as do Nordeste, lembrando cipós retorcidos. São, por isso, chamadas de ingá-cipó. É arvore de grande porte, chegando a 15 metros de altura.
Com o tempo, foi-se espalhando por todo o Nordeste. Existem mais de 200 espécies. É consumida apenas ao natural, mas também usada pela medicina caseira, no tratamento da bronquite (xarope) ou como cicatrizante (chá). Duram muito, até 15 dias depois de colhidas. E podem ser encontradas nos mercados públicos ou pelas ruas.
O nome vem do tupi i'na, significando embebido, empapado - provavelmente por conta de nascer sempre, a árvore, em regiões de beira d'água, nas margens de rios e lagoas. Para os índios da região amazônica, nunca fez parte das refeições normais. Era só alimento de fim de tarde. Permanece assim até hoje.
O jambo (Eugenia jambos Linn.) veio da Índia. Em Goa, era conhecido como djamún. Em Bombaim, jambul. Em Málaca, jambo. A primeira referência, em português, vem de Garcia da Orta (1499-1568): "Essa fruta que vos mostro é muito estimada nesta terra".
Ao Brasil foi trazida no início do século XVI. São muitas as variedades desse jambo. O vermelho, ou jambo-do-pará, se come ao natural ou se usa para fazer compota. Rosa, mais comum de todos, é o preferido das crianças. Há também amarelos e brancos, embora mais raros. Estes últimos, segundo Pio Corrêa (Dicionário das Plantas Úteis do Brasil) "são muito belos, parecendo feitos de porcelana ou parafina". Câmara Cascudo observa que pertencem às predileções populares, e "não aparecem em mesa de gente fina nem são saboreados por criaturas eminentes". Não sabem, coitados, o que estão perdendo.
(este texto foi tirado do site: http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3499033-EI6614,00-Inga+e+jambo.html)

Ao ler esta matéria, fiz uma viagem ao passado. Lembrei-me de quando era criança. Eu morei na Bahia dos três anos até os nove. Meus primos e eu brincávamos muito, e subíamos em árvores.
Chupei muito ingá nesta época. É uma fruta que tem sabor de passado e de saudade para mim! Há outras frutas que, para mim, tem o mesmo gosto. Como, por exemplo, o Jambo vermelho. Inclusive, minha mãe, que tinha ido passar as férias na Bahia, trouxe alguns para mim.
E, ainda, uma outra fruta deliciosa que nunca encontrei aqui em São Paulo, o Abiu. Esta última, eu voltei a experimentar a aproximadamente dois anos atrás quando fui à Bahia para passar minhas férias.
Antes disso, a última vez que visitei a Bahia, eu tinha uns 13 anos. Então, além de comer a fruta, foi delicioso poder ver as pessoas que eu não via há muito tempo e passar por lugares que eu só tinha em minhas lembranças.
Entre a casa de minha avó e a casa de um tio, havia uma estradinha com a qual eu vivia sonhando. Assim, foi muito bom rever não só este lugar, mas vários outros e matar a saudade! Descobri que algumas coisas, e todas as pessoas mudaram, mas é sempre bom mudar, afinal estar vivo é estar sempre metamorfoseando, certo?Entretanto, voltando ao assunto das frutas, são deliciosas e quem tiver a oportunidade de experimentar não a perca! (Mesmo que, para você, não tenha gosto de passado).

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